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A cultura do cancelamento
também deve ser tratada
juridicamente
Q
uemusa redes sociais hámuito tem-
po, principalmente aquelas mais in-
formais, como o Twitter, com certe-
za já deve ter se preocupado compostagens
antigas. Desde 2017, com a repercussão do
Movimento #MeToo, a cultura do cancela-
mento ganhou força na internet, principal-
mente entre os mais jovens.
O que começou como uma forma de cons-
cientizar sobre certas falas e comportamen-
tos que desrespeitamdeterminados grupos,
se tornou um mecanismo para deslegitimar
a presença de pessoas ou empresas no de-
bate público, muitas vezes, simplesmente
por demonstrarem pensamentos impopu-
lares. “Cancelar” uma pessoa, tanto física
quanto jurídica, costuma significar descredi-
bilizar suas ações, falas e trabalho, deixando
de segui-la nas redes sociais e influenciando
outros a fazerem o mesmo.
Esse comportamento revela uma sociedade
que não está muito aberta e interessada em
ouvir argumentos e entrar em debates civi-
lizados, buscando apenas declarações dire-
tas e posicionamentos concisos, como “sou
a favor” ou “sou contra”. Para a advogada
RETRATAÇÃO
Para a advogada Caroline Cavet, é preciso
ficar atento às consequências desse
cancelamento fora da internet
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