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Liberdade Construída

Implantado em setembro de 2008, o Pro-jeto Liberdade Construída começou com a participação de 13 detentos, e hoje já tem 64 trabalhadores, divididos em dois turnos. Segundo a gerente de RH da empresa, Be-nildes Vieira, antes da implantação do pro-grama foi necessário fazer um trabalho de sensibilização de todos os funcionários. “Se havia alguma tensão no começo, hoje não há mais. Todos trabalham e convivem de forma harmoniosa”, afrma. Ela lembra que, antes de serem inseridos na empresa, os de-tentos passam por avaliação no serviço so-cial, psicologia, segurança e jurídico dentro

do próprio Sistema Penitenciário. Depois disso, eles passam por exames ad-missionais, rotinanormal paracontrataçãodefuncionários.Dentrodaempre-sa, os integrantes do projeto trabalham no setor de suprimentos, manuten-ção, confeitaria, higienização, frigorífco, manutenção de veículos, cozinha, restaurante e limpeza de pátio. “No ambiente de trabalho não há qualquer diferenciação entre os funcionários. Os detentos usam o mesmo uniforme e convivem juntos nas refeições. O resultado tem sido tão positivo que já efe-tivamos oito ex-integrantes do projeto”, conta Benildes.

Sem garantias

Integrante do projeto há setemeses, EmersonMiranda da Silva, 28 anos, reco-nhece que a convivência comos demais funcionários é tranquila e diz que está satisfeito emparticipar do programa. “Mudou totalmente aminha rotina. Tra-balhar faz o tempo passar mais rápido, e tambémpermite que eu ajudeminha família”, afrmaodetento, que cumprepenapor assalto. Issoporque, do salário recebido, 80% vão para a família, e 20% fcam numa caderneta de poupança, que só poderá ser retirado pelo preso quando ele obtiver a liberdade defnitiva.

Para o funcionário Sérgio muitos reconhecem que o programa é uma oportunidade para mudar de vida

Para combater o preconceito os trabalhadores presos e egressos precisam cor-responder às expectativas das empresas, realizando um bom trabalho, como outro trabalhador semo histórico prisional. Mas, lógico, não há qualquer garan-tia de que a reincidência no crime será evitada. Segundo o funcionário Sérgio Alves Rodrigues, um dos primeiros encarregados pelo projeto na Risotolândia, houvequemtenha voltadoao crimedepois de cumprida apena. “Nãohágaran-tias, masmuitos reconhecemque o programa é uma oportunidade paramudar de vida”, diz ele.

Capacitação profssional

Para os especialistas, além de melhorar a autoestima, programas que visam à inclusão de presos no mercado de trabalho contribuem para diminuir a tensão no interior das unidades penais, reduzindo a participação dos presos nos grupos organizados. Mas um aspecto é fundamental, a capacitação. A baixa formação é uma realidade dentro dos presídios e para saírem aptos a trabalhar, é preciso que eles recebam treinamento.

Em abril, 120 presos do sistema penitenciário paranaense, de regime fechado, ganharamumaprofssãoeoutros90presosdevemseprofssionalizaraindanes-te semestre. Eles são fruto do programa de qualifcação profssional realizado pela Secretaria da Justiça e da Cidadania do Paraná, emparceria como Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Ministério da Justiça. Depois de frequentarem cursos de capacitação, eles estão habilitados para trabalhar como eletricistas, operadores de máquina de costura, encanadores profssio-nais e na aplicação de revestimento cerâmico.

Amaioriadessesnovosprofssionaiscomeçaagoraafazerpartedoscanteirosde trabalhodentrodaspenitenciáriasparanaenses.SegundoaSEJU,elessejuntam aos 3.694 detentos que desempenham alguma atividade laboral nas unidades penais do Estado, que contam hoje com 94 empresas parceiras. “Nossa meta é que 100% dos presos paranaenses tenham condições de se profssionalizar enquanto estão em nossas unidades penais. Com isso, eles terão as condições necessárias para a sua inserção nomercado de trabalho e, consequentemente, sua reinserção na sociedade”, afrma Maria Tereza Uille Gomes, secretária da Justiça e da Cidadania do Paraná.

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