Revista Ações Legais - page 90-91

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O Direito e as Ações Políticas
Francisco Carlos Duarte e Germano Schwartz,
Lúmen Editorial, 241 páginas, R$ 64,00
O livro foi lançado durante o Congresso Mundial
de Sociologia do Direito, em Canoas (RS) no Cen-
tro Universitário Unilasalle. Com 241 páginas e
editada pela Lumen Júris, a obra reúne represen-
tantes da nova geração brasileira de sociólogos
do Direito, que trouxeram uma visão renovada de
velhos problemas brasileiros, como a gestão das
prisões, a corrupção, as ligações do futebol com a
economia, e uma visão interessante de problemá-
ticas européias. como a religião e os ilegalismos.
Marcando a sua presença com um “olhar da peri-
feria”, os organizadores participam da construção
de um saber que, em última análise, pode ser vin-
culado às novas perspectivas das epistemologias
do Sul, apontadas por Boa Santos. “O livro procu-
ra trazer à luz produções científicas plurais e alternativas, muitas vezes menosprezadas
pelos etnocentrismos culturais e científicos das sociedades centrais”, explica Duarte.
Sediado pela primeira vez no Brasil, o Congresso Mundial de Sociologia do Direito reu-
niu pesquisadores em sociologia do Direito de todas as partes do mundo para debater
a pluralidade de temas das mais distintas abordagens para as relações havidas entre o
Direito, a Justiça e a Sociedade.
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ESPAÇO DAS LETRAS
O Negro no Século XXI
Luislinda Dias de Valois Santos, Juruá Editora, 83
páginas, R$ 19,90
Com sensibilidade ímpar para entender a neces-
sidade mais básica da alma humana – ser acolhi-
da, a autora compreendeu o real sentido do amor
crístico: acolher amorosamente. Pode parecer até
fácil de dizer e entender, mas, acreditem, é algo
de difícil prática, principalmente em uma socieda-
de alicerçada em estereótipos dos mais diversos e
ininteligíveis.
Estereótipos que segregam as pessoas e as clas-
sificam em aceitáveis ou inaceitáveis, ignorando
a verdadeira natureza humana que é a diferencia-
ção. O ser diferente é inerente à nossa natureza,
entretanto a violência segregacionista se instala
de forma indelével até mesmo em discursos apa-
rentemente inofensivos e politicamente corretos.
Com uma capacidade intelectual privilegiada, “a nossa Ruy Barbosa de saia”, como já
foi apropriadamente classificada, a magistrada Luislinda de Valois lança luzes onde, na
rotina do dia a dia, as trevas do discernimento torto ofuscam a verdade.
O livro reúne artigos sobre temas variados como cultura, educação, políticas públicas,
justiça social e religião, mediados pela experiência negra no país pós-escravidão. Todos
mediados pela experiência negra no país pós-escravidão.
Poderia ser a história da própria Luislinda, que teve avô escravo, pai motorneiro de bon-
de, cuidou dos irmãos menores quando a mãe morreu precocemente e só se formou
advogada aos 39 anos. E era essa mesmo a intenção, quando ela começou a escrevê-
lo.Seria um desabafo diante de mais uma situação difícil: dois processos contra ela , já
arquivados por falta de provas, no Tribunal de Justiça da Bahia. Isto foi no início desta
década. “Não fiz pesquisas. Tudo que falo é por conhecimento de causa”, afirma.
A magistrada baiana foi a primeira mulher negra a se tornar juíza no Brasil. “O racismo
no Brasil persiste, mas não é estático, a cada tempo se modifica. Agora estamos viven-
do um racismo onde se exclui o negro, dizendo que está incluindo. Não encontramos
negros em espaços de poder. Encontramos o negro sempre do terceiro escalão para
baixo. Quando este negro se rebela e vai em busca da caneta para participar do espaço
de poder, ele sofre. Todos nós somos iguais perante a lei, mas percebemos que esta
igualdade não é tão igual”, declarou.
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